segunda-feira, 4 de maio de 2009

HERANÇA

Tu andas vivo,
meu pai,
a correr por minhas veias.
Meu sorriso cunha nos lábios
resquícios do teu humor
Teu amor pelo Líbano
pulsa o coração de curiosidade
E pelo meu corpo
ronda o risco de teus males...
E estarás também um pouco
na pele de um possível neto
Se ele, porém, não vier
para assegurar nossa eternidade
entre os homens,
resta ainda, meu pai,
o que deixo escrito,
fruto do mundo
que nossa interação me ensinou a ver.
Dividamos a responsabilidade
pela sobrevivência:
de ti dependem as cores da realidade...
de mim, os matizes, novas tonalidades...


1984

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