Auto-retrato
PEDRA: matéria dura e sólida
fragmento
variedade dessa matéria
Essa matéria usada
fragmento
variedade dessa matéria
Essa matéria usada
com fim particular
Montanha
Lápide
Preciosa ou falsa,
Montanha
Lápide
Preciosa ou falsa,
na vitrine da joalheria
Usada, um dia, para escrever
Pedaço de qualquer substância
- solida e dura -
Peças de jogos num tabuleiro
afeiçoada
alectória
angular
de amolar
de ara
de escândalo
de toque
filosofal
fundamental
lascada
polida
refratária
no sapato
na mão
& cal
Usada, um dia, para escrever
Pedaço de qualquer substância
- solida e dura -
Peças de jogos num tabuleiro
afeiçoada
alectória
angular
de amolar
de ara
de escândalo
de toque
filosofal
fundamental
lascada
polida
refratária
no sapato
na mão
& cal
.
.
.
CRISTAL!
.
.
CRISTAL!
Um comentário:
suraia,
lindo o extraair do dicionário as definições- liricas e poéticas- um estranhamento, quando se desloca de lá para cá-nesse ambiente poético- transcrevo para vc. um poema meu- a sede da pedra- com tema semelhante- não sei se vc; já bhavia lido:
A sede da pedra
não se sacia nunca:
está gravada em sua
nua Pele mineral
memória erigida
em sólida geografia
lodo e limo.
A memória da pedra
seu traçado e inconsistência
seus medos e aparências
contam sua trajetória
seu desvelo em ser pedra
num mundo humano.
O destino da pedra
não se conta nos dedos
nem é gerado nos medos
de quem carrega fardos
ancestrais.
Seu destino pressupõe-se
sólido desígnio
como as ígneas bocas
dos vulcões.
A pedra grita
seu grito mudo
seu silêncio crispado
em cada aresta
de sentido
que lhe resta.
A sede da pedra
é a sede primordial:
não há água que a sacie.
sobre a obra
o poema deve ser sentido, com todos os poros, olhos, bocas, o poema tem que ser provocativo, tem que ser trampolim para um mergulho na alma. O poema não explica, joga as pedras e as deixa rolar, para não criarem limo.
abraços- e ins/piração sempre!
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